Por favor, ajude-nos a divulgar a nota abaixo.
Obrigado desde já e saudações democráticas!
From LCP;
Em abril, algumas páginas de notícias na internet veicularam fotos
de armas de fogo com a inscrição “LCP”. As matérias eram confusas: o título
dizia “GOE apreende armas de fogo em Theobroma”, já o texto falava
que a Polícia Civil de Porto Velho prendeu um suspeito de assaltar a agência
dos Correios de Alto Paraíso. Ainda constava que o autor da notícia era o major
Plínio Cavalcanti, comandante da PM de Jaru. Não, não se trata aqui de uma
incompetência do major Plínio no ramo jornalístico. A matéria é confusa de
propósito, é para enganar a opinião pública de que a LCP é uma organização
criminosa e que as tomadas de terra estão cheias de bandidos. Assim fica
justificado toda violência e irregularidades que o velho Estado sempre comete
contra quem luta pelo sagrado direito à terra.
Estas matérias da internet são mais uma farsa da polícia que
precisa ser esclarecida.
A LCP é uma organização camponesa que luta pelo sagrado direito à
terra para quem nela vive e trabalha. Devido a isto, o latifúndio sempre nos odiou
e enviou seus capangas, particulares e da polícia, pra nos perseguir duramente.
Certamente, esta marcação nas armas foi feita pelos próprios policiais, mais
uma armação para nos incriminar.
Desde fevereiro, o 7º Batalhão da Polícia Militar (de Ariquemes),
comandado pelo major Ênedy, está realizando uma grande operação em Theobroma e
região com o objetivo declarado de combater bandidos e cumprir mandados de
reintegração de posse. Este objetivo em si já é um disparate! Como se o aumento
da criminalidade fosse culpa das novas tomadas de terra.
Desde julho de 2012, 7 tomadas de terra ocorreram na região de
Jaru, reunindo mais de 500 famílias, a maioria de camponeses pobres. O delegado
Salomão de Matos disse que descobriu durante investigações que a maioria das
famílias acampadas não era pobre. Mas que investigação? Nenhum camponês nos
relatou que alguém apareceu no acampamento para perguntar de onde vieram e por
que foram acampar. Ninguém foi conhecer as famílias que sobreviviam com a
alimentação coletiva do acampamento e que depois do despejo tiveram que pedir a
sitiantes vizinhos um lugar pra ficar, pois não tinham pra onde ir. Ninguém
visitou as dezenas de crianças que ficaram sem estudar.
Não podemos esquecer que o major Plínio tem um professor bastante
qualificado na criminalização da luta pela terra: o major Ênedy, velho
perseguidor da LCP. Sua última mentira foi dita numa reunião com camponeses em
Monte Negro, em abril: “Todos querem paz e viver bem, a PM está aqui
para dar segurança desde o doutor ao mais humilde e pobre cidadão.” Piada!
O mesmo disse o Ouvidor de latifundiários Gercino da Silva no
último dia 25, em Porto Velho: “Doa a quem doer, quem cometer
ilegalidade vai sofrer as consequências.” Mais uma ameaça aos
camponeses, pois ele deu esta declaração durante reunião da Comissão de Combate
à Violência no Campo, onde não deu uma só palavra sobre os crimes da polícia:
intimidação, espancamento, tortura, ameaças de morte, queima de barracos e
atuação junto de pistoleiros! Nenhuma palavra sobre a justiça que esquece das
leis de defesa da vida e de uso social da terra e expede ordens de despejo e
prisão de líderes camponeses na maior rapidez! Nenhuma palavra sobre o abandono
da reforma agrária por parte do Incra! Mas, para Gercino, isto não é ilegalidade...
Vejam alguns dos fatos criminosos desta campanha de criminalização
da luta pela terra, denunciados por camponeses de várias áreas da região de
Jaru:
1. Em novembro de 2012, três pistoleiros armados foram presos pela
PM com 1 espingarda de dois canos calibre 12, 1 carabina calibre 38 e 2
revólveres calibre 38, mas foram liberados pouco depois. Assim como o ex
prefeito de Porto Velho que roubou milhões e não ficou nem 1 dia na cadeia. Por
outro lado, camponeses estão presos sob a acusação de liderarem tomadas de
terra. É assim que os 3 poderes do velho Estado governam o Brasil: atentar
contra a vida de pessoas não é crime, mas quem luta por um pedaço de terra para
viver com dignidade e contribuir para o desenvolvimento da região e nação é humilhado,
perseguido, ameaçado de morte, preso, torturado e assassinado.
2. No dia 08 de abril, a polícia prendeu Maicon Gonçalo José
Sabino, acusado de um assassinato. Soubemos que depois que ele já estava preso,
foi tão espancado que ficou dias sem andar direito e até hoje está surdo de um
dos ouvidos.
3. Durante semanas, policiais da PM e do GOE, fortemente armados
realizaram blitz nas estradas, parando os moradores, muitas vezes de forma
muito agressiva e mesmo na frente de crianças. Os policiais perguntavam se a
pessoa era do movimento, como se a LCP e outras organizações sociais fossem
entidades criminosas. Um camponês relatou que chegou a ser espancado por
policiais numa destas blitz. Estas blitz criminosas diminuíram após o ato
público que realizamos em Jaru, no dia 9 de abril onde denunciamos a campanha
de criminalização.
4. No dia 25 de fevereiro, o acampamento Bom Futuro foi despejado.
Policiais ameaçaram uma senhora de 82 anos só porque seu lote faz divisa com o
acampamento e sem pedir permissão passaram por seu lote. Também arrombaram o
cadeado da porteira de outro proprietário vizinho. Camponeses relataram que
viram 4 pistoleiros fortemente armados, que ajudaram a polícia a derrubar os
barracos com uma pá carregadeira e atear fogo. Os camponeses denunciaram que
eles estavam armados, mas a polícia não fez nada. Depois os camponeses ficaram
acampados num lote vizinho, com autorização do proprietário. No dia 6 de abril
de 2013, 4 viaturas do GOE foram até o local, não encontraram ninguém e
colocaram fogo nos barracos, com todos pertences das famílias dentro.
5. Os camponeses do acampamento Zé Porfírio foram despejados e
levados pra delegacia de Jaru, onde foram tratados como bandidos e coagidos
durante os depoimentos. O delegado de Jaru ameaçou de morte um dos líderes do
acampamento. Após o despejo, policiais do GOE retornaram para a área e ficaram
esperando a chegada do latifundiário Oswaldo Nicoletti para pessoalmente ajudar
a derrubar e queimar os barracos dos camponeses. Um trabalhador ouviu um
policial dizer: “Bem que podia aparecer uns 3 sem terra para a gente
cortar na bala.” Camponeses também denunciaram que em abril, quando
policiais foram cumprir vários mandados de prisão ameaçaram: “Vamos
pegar eles vivos ou mortos.”
6. Um senhor de idade e dois menores do acampamento Fortaleza
foram presos pela polícia e mesmo rendidos sofreram um interrogatório com
vários suplícios para delatarem os líderes. Os policiais espancaram os
camponeses e ameaçaram com um punhal, colocaram eles na viatura, jogaram gás de
pimenta e fecharam todas portas e janelas. Um dos camponeses passou
mal. Os policiais levaram-nos para o hospital, não sem antes ameaçá-los
caso contassem ao médico as agressões. Mesmo assim, um dos camponeses denunciou
ao médico, que falou aos policiais: "Vocês fizeram coisa errada". Mas
o laudo médico ficou com os policiais.
7. Camponeses relataram que pistoleiros armados abordavam quem
passasse na linha C-45 e eles suspeitassem ser acampado. Exigiam documento e
ameaçavam: "Os acampados serão tocados na bala". De
noite, os pistoleiros iluminavam o acampamento e atiravam pra cima, para
aterrorizar as famílias. Alguns cartuchos foram recolhidos pelos camponeses.
Camponeses reconheceram alguns dos pistoleiros e suspeitam que eles são
coordenados pelo PM André e por Chicão, genro e filho da Sra. Rosa,
respectivamente.
8. O Procurador do Ministério Público de Jaru, Sr. Adilson, tem
atacado as ocupações de terra alegando a preservação do meio ambiente, mas
não diz uma palavra sobre os desmatamentos cometidos pelos latifundiários,
inclusive os que se dizem proprietários das terras ocupadas. Em público, o
procurador Adilson disse que uma pessoa conhecida como Jacamim era líder
camponês e no dia seguinte, elementos atiraram para o alto na frente da
residência do Jacamim. Não podemos esquecer que Adilson foi policial militar em
Corumbiara e participou do hediondo massacre de Santa Elina!
9. Ao final do ato em homenagem ao companheiro Renato, no dia 9 de
abril, em Jaru, uma professora que saía do local do ato foi ameaçada por um
policial militar em uma viatura. Ele parou ao lado do carro da professora e com
o dedo em riste disse: “Aguardem!”
10. Camponeses de toda Rondônia estão reclamando de abordagens
agressivas da polícia, multando e apreendendo motos na menor irregularidade.
Afinal, repressão policial e arrecadação de impostos é o resumo das funções do
velho Estado para o povo.
Terrorismo de Estado
Não é por acaso que Rondônia ultrapassou o Pará em número de
mortes no campo, o que não ocorria há 25 anos. Concordamos com nossos
companheiros da CPT que qualificaram as violências contra camponeses de
“terrorismo de Estado”.
Devemos unir todos camponeses, operários e demais trabalhadores da
cidade, estudantes, professores e outros intelectuais honestos, pequenos e
médios proprietários, pequenos e médios comerciantes, democratas e pessoas de
bem, para combater mais esta campanha odiosa contra a luta pela terra e para
defender a Revolução Agrária.
Lutar
pela terra não é crime!
Conquistar
a terra, destruir o latifúndio!
Terra
pra quem nela vive e trabalha!
Viva
a Revolução Agrária!
LCP –
Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental
lcp_ro@yahoo.com.br
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